Disse a finalizar uma interessante entrevista ao semanário Sol:
"Saramago escreve muito mal. Acho que os suecos que lhe deram o prémio nunca o leram ou então teve um tradutor muito bom para sueco porque aquilo em português é um desastre [risos]"
(de notar que ele se escuda atrás da palavra "acho". O típico opinativo tuga "acha" - embora absolutize o que diz, escusa-se a assumir o absoluto da verdade que desvenda.)
Duarte Pio à questão que o Sol lhe colocou - "gosta de Saramago como escritor?" poderia ter respondido evasivamente:
Saramago?
Não curto as suas ideias políticas;
ou
não gosto da cara dele;
ou
nunca apreciei a sua carreira sócio-profissional;
ou
as suas tendências iberistas são mais imorais que um desvio sexual;
ou
não usa um belo bigode como eu e como todos os lusitanos que se prezam;
ou
para equilibrar, eu deveria ter orgulho em todos os meus súbditos que se notabilizam no estrangeiro porque, como todos nós sabemos, os portugueses são uns grandes invejosos e quando algum deles se salienta e destaca perante os camones, a não ser que seja futebolista, logo todos os outros lhe saltam em cima, mas, sinceramente, a pose do Saramago enfada-me;
ou
o plebeu Saramago casou-se com uma espanhola e apenas os reis deveriam ter direito a casar com estrangeiras.
Mas não.
Duarte Pio de Bragança enfrentou mesmo a questão que lhe colocaram, levou-a à letra e respondeu em tom de epílogo que "Saramago escreve muito mal."
E acrescentou, informado e mui seguro, que "os suecos que lhe deram o prémio nunca o leram" ou então (uma alternativa ainda mais plausível) "o tradutor para sueco era muito bom".
Enquanto o comum dos mortais portugueses tem apenas uma explicação, Duarte Pio ofereceu logo duas fabulosas hipóteses explicativas para o fantástico mistério do único Nobel da sua língua materna.
Duarte Pio de Bragança errou na sua carreira profissional: em vez de insistir na falhada carreira de monarca deveria assumir e explorar o seu "Dom" de crítico literário.
Assim, não tem coroa nem tem cara.
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