terça-feira, novembro 25, 2008

"Ratzinger, der Dachshund"



De todas as estórias que me contavam quando eu era criança, a que mais me horripilava e
arrepanhava a minha pobre e pequenita alma, era uma adaptação muito livre da célebre historieta infantil "Ratzinger, der Dachshund" .
Enquanto me mantinha sentado em cima de sua forte e grossa perna, meu tio, um alemão que tinha imigrado para Portugal em finais de 1945, contava-me a pungente odisseia de Ratzinger, o enjeitado Dachshund, com o matreiro e premeditado intuito de me provocar aversão e ódio a palhaços, à religião, à política e aos alemães.
Conseguiu plenamente em relação aos palhaços.
Hoje sou um adulto que tem absoluto medo de palhaços.
Medo, mesmo.
MEDO!
Chego a chorar com o medo!
Felizmente não me cruzo com palhaços no dia-a-dia, mas a visão dos seus derivados, como os travestis, as drag queens, pessoas com máscaras de Carnaval, velhas demasiado pintadas e cardeais e bispos em traje cerimonial, provocam-me a mesma sensação de desconforto e pavor.

O meu tio, já velhote, contava-me também estórias perturbantes da 2ª Grande Guerra na perspectiva alemã. Contou-me, certa vez, olhando visivelmente comovido para dentro de meus olhos fixos nos seus, como o seu querido irmão, Fritz Apfelstrudel, tinha morrido em 1944 num campo de concentração NAZI.
Uma morte atroz, dolorosa e inadmissível:
Estava seu irmão, o 1º Cabo Fritz, de guarda numa torre de
vigia em Auschwitz, altas horas da noite, podre de bêbedo, quando, toldado pelo álcool, cantarolando com a voz entaramelada aquela velha cantiga da Marlene Dietrich "Ich bin von Kopf bis Fuß auf Liebe eingestellt", adormeceu e caiu da alta torre, agarrado à sua metralhadora, uma MG34, estatelando-se no chão.
Enquanto o ouvia com toda a atenção, os meus olhos brilhavam de emoção e mordia o lábio inferior para acalmar os nervos que a estória, contada com ridículos mas precisos pormenores, despoletava na minha fragilizada psique.
E era então, após se certificar do transtorno emocional que me
tinha causado, que o meu tio irrompia com uma tonitruante gargalhada.
Uma gargalhada demente e malsã. Em alemão.
E não explicava porque se ria desalmadamente depois de contar estória tão triste, deixando-me na dúvida se devia também rir, sorrir, ou fugir...

Hoje, na minha habitual sessão de meditação e regressão espiritual, fazendo uma desfragmentação da minha memória, ocorreu-me o desejo de ler "Ratzinger der Dachshund", a estória-mãe de todas as minhas angústias e pavores existenciais.
Fui ao Google, pesquisei, pesquisei e pesquisei e verifiquei que tal estória não existe. Foi inventada e improvisada.
Hurensohn!
O meu tio, hoje já falecido, usou-me como cobaia.
Os meus traumas são uma fraude, infundados, sem razão
de existir, mas a verdade é que permanece em mim um profundo medo de palhaços.
É uma fobia real e
permanente, identificada e estudada pela Psiquiatria e com o nome de coulrofobia.

http://www.phobialist.com


Corofobia - medo de dançar
Automisofobia - Medo de ficar sujo
Lissofobia - medo de ficar louco
Merintofobia - medo de ficar amarrado
Nosemafobia - medo de ficar doente
Logizomecanofobia - medo de computadores
Satanofobia - medo do Diabo
Triscaidecafobia - medo do número 13
Zeusofobia - medo de Deus ou deuses
etc.

Há centenas de interessantes e divertidas fobias.
Havendo tantas para escolher, tinha logo que me calhar na rifa a merda da coulrofobia!
Foda-se!

segunda-feira, novembro 24, 2008

Chegou o Inverno

Ainda não oficialmente, mas chegou o tempo de Inverno.
O mal do Inverno deste ano serão as calças e a estúpida moda de as trajar com a cintura descaída, a meia haste, expondo-nos as nádegas ao frio e transformando-nos o rego do cu num algeroz.